sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

A História na história do CEPCEP

Ao longo dos séculos e sobretudo a partir da época quinhentista, o encontro de culturas foi uma das constantes da história de Portugal. Daí a atenção que o CEPCEP desde a sua criação deu aos estudos de história, quer nas suas vertentes social, cultural e religiosa, quer nos aspectos políticos e económicos. Também multiculturalidade e a interculturalidade, conceitos desenvolvidos sobretudo no último quartel do século passado, são objecto de aturados estudos neste ano internacional em que assinala o “Diálogo Intercultural”. Mas o estudo biográfico mereceu ainda um grande incremento com a publicação, por iniciativa do CEPCEP, da colecção completa das biografias de todos os reis portugueses. Pensamos que um melhor conhecimento da nossa história, passa necessariamente por uma maior informação da vida dos governantes nos cerca de oito séculos da história.
Aspectos da presença portuguesa no Oriente foram desde logo assinalados com a realização de dois ciclos de conferências realizadas em 1985-86. E em período comemorativo e mais avançado, a chegada dos portugueses ao Japão e o século cristão que se lhe seguiu seriam solenemente assinalados, mas também cientificamente estudados e discutidos no colóquio internacional que teve lugar em Lisboa em 1993.
A tarefa da organização do VIII Seminário Internacional de História Indo-Portuguesa, dedicado à carreira da Índia e à rota dos Estreitos, seria sobretudo cometida ao CEPCEP, que o realizou na cidade de Angra – escala de regresso necessária e quase obrigatória dessa e de outras viagens ao Oriente, África e Américas.
O findar do milénio seria também motivo de avaliação dos aspectos marcantes da história de Portugal, com uma análise profunda e rigorosa dos acontecimentos que distinguiram cada um dos séculos, elaborados pelos mais respeitados historiadores desses períodos.
Em tempos de globalização e ao cumprirem-se 500 anos sobre o nascimento de D. João III – o rei que mais estruturas criou no Império Português e estabeleceu comunicação entre as partes que o compunham – promoveu a realização de um congresso internacional sobre D. João II e o Império, com contribuições inovadoras que alteram e enriquecem, o conhecimento histórico deste monarca no seu comportamento em relação ao reino, como, sobretudo, no além-mar.
A história recente de Timor e a intervenção portuguesa no processo que conduziu à independência seriam estudados e avaliados num projecto de investigação cujos resultados seriam expressos em livro (O Papel de Portugal na Transição de Timor, Lisboa, 20004).
A história de S. Tomé e Príncipe e alguns projectos realizados neste Centro conduziria à elaboração de um manual escolar, cuja utilidade levou à sua divulgação nesse país sob forma inacabada (1992).
A religião e a educação em África foram temas debatidos em ciclos de conferências, em que participaram africanos e portugueses, tendo algumas das contribuições sido editadas em Povos e Culturas, revista do CEPCEP de periodicidade anual. A propósito anote-se também as muitas contribuições de natureza histórica que esta revista foi reunindo ao longo do tempo na secção “Inéditos do CEPCEP” e que, sob a forma de estudos ou documentos, constituem valiosos contributos para a história dos territórios de presença portuguesa.
Embora reunindo as várias áreas do saber, mas valorizando muito a vertente histórica o centro tem vindo a produzir uma Enciclopédia Açoriana cujo termo se avizinha para o próximo mês de Março e cuja maioria das letras já se encontra disponível on line. Da geografia à história, da biografia à linguística, da literatura à biologia, é todo um vasto e rico manancial informativo que enriquece o conhecimento dos Açores e das suas gentes.
E, neste ano internacional consagrado ao Diálogo Intercultural o CEPCEP empenha-se em produzir uma obra em vários volumes sobre Portugal Intercultural: Razão e Projecto, onde será abordada a multiculturalidade, nas suas raízes, estruturas, contextos, dinâmicas, matrizes e configurações, bem como as transformações da identidade, resultantes da interculturalidade.

Lisboa, 18 de Janeiro de 2008

Artur Teodoro de Matos





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